Lugar | Nome | Autor | |
100º | ![]() | A SELVA | Ferreira de Castro |
Ferreira de Castro (1898-1974) foi um dos mais importantes e traduzidos romancistas portugueses. Precursor do neo-realismo lusitano, auto exilou-se no Brasil, fugindo da pobreza e da Revolução Republicana de 1910, pensando trilhar no paraíso um qualquer sonho pueril. Aí, deparou-se com a dura realidade dos seringais da Amazónia, dos homens rudes, sem lei e sem cultura. A Selva retrata essa experiência radical, de contacto profundo com a natureza humana mais sombria, num local onde a linha ténue que separa a humanidade da animalidade se esvanece num ar quente e fétido. O romance termina ao som da beleza descritiva:
O clarão perdia terreno: já não se via o bananal, apagavam-se, ao longe, os contornos da selva, o rio fundira-se na noite e os troncos cinzentos das três palmeiras começavam a vestir-se de luto. Quando chegasse a manhã, derramando da sua inesgotável cornucópia a luz dos trópicos, haveria ali apenas um montão de cinza que o vento, em breve, dispersaria…
Uma bela obra da literatura lusófona, capaz de mostrar a condição de emigrante e de sonhador, tão própria do povo português.
Lugar | Nome | Autor | |
99º | ![]() | Os Cardos de Baragan | Panaït Istrati |
Natural de Braila, na região romena da Valáquia, Panait Istrati nasceu em 1884, no seio de uma família muito pobre. Filho de uma lavadeira e de um contrabandista, estudou apenas seis anos, tendo repetido dois. A falta de estudos não impediu o emergir do génio literário. Foi um homem de coragem e, embora de convicção socialista, não se coibiu de criticar o regime totalitário soviético. Mais tarde, pelos vinte anos, e após uma tentativa frustrada de suicídio, tomou contacto com os grandes intelectuais franceses de quem viria a ser muito influenciado.
Os Cardos de Baragan é um obra pungente. Uma homenagem à valentia e ao sentido de resiliência do povo romeno. É a imagem funesta da pobreza e da humana miséria moral. E também do despotismo e do abuso de poder.
O obra terminab desta forma:
Julgo que se trata do teu pai! – disse-me Yonel.
Eu também julgava que sim, mas só consegui sentir o peito a esvaziar-se lentamente. E, a cambalear como um gato maltratado, atirei-me para o fundo do carro. Só mais tarde, com o meu companheiro a fustigar os cavalos para a viatura voar através dos campos cheios de sol, me agarrei a ele e perguntei:
– Para onde vamos, Yonel?
– À aventura, Mataké, e com os cardos a correrem atrás de nós!
A leitura de Os Cardos de Baragan proporciona ao leitor uma viagem imaginária pela Valáquia de outrora. Cheia de dor e de deslumbre. E transporta-nos também para a mente de um escritor luminoso e, infelizmente, desconhecido.
Lugar | Nome | Autor | |
98º | ![]() | Cadernos de um Caçador | Ivan Turguénev |
Ivan Turguénev nasceu em 1818, em Orel, no Império Russo. É uma das figuras mais importantes da literatura russa, ao lado de Dostoievski e de Tolstoi. Oriundo de uma família abastada, passou a sua infância em Spaskoa, onde conheceu de perto a vida no campo. Estudou literatura e línguas clássicas em São Petersburgo e filosofia na Universidade de Berlin. A obra Cadernos de um Caçador foi génese do seu imenso sucesso literário. É composta por uma dúzia de contos que reflectem a vida bucólica numa Rússia profundamente feudal.
O 12º conto, intitulado Floresta e Estepe resume a excelência de uma escrita quase ideográfica, esboçando as delícias da primavera e os quadros magestaticamente naturalísticos do outono. É uma escrita soberba.
Por falar em primavera, o conto, e o livro, termina desta forma:
Bem, já é preciso terminar. A propósito da Primavera: na Primavera, é fácil despedirmo-nos, na Primavera apetece partir e correr para terras longínquas, inclusivamente às pessoas felizes…Adeus, meu leitor; desejo-lhe prosperidade para sempre.
Bem sei que Ivan Turguénev é um escritor para a alta cultura, mas recomendo ao prezado leitor que se deixe descobrir por esta alma russa. Cadernos de um Caçador é um bom começo.
Lugar | Nome | Autor | |
97º | ![]() | O Satíricon | Petrónio |
Lugar | Nome | Autor | |
96º | ![]() | A Invenção da Natureza | Andrea Wulf |
Lugar | Nome | Autor | |
95º | ![]() | Diário da Guerra (1914-1918 | Ernst Jünger |
Lugar | Nome | Autor | |
94º | ![]() | Pinturas da Natureza | Alexander von Humbodlt |
Lugar | Nome | Autor | |
93º | ![]() | As Cartas do Mal | Baruch Spinoza – Blinjenbergh |
92º | ![]() | A Psicologia das Multidões | Gustave le Bon |
91º | ![]() | Primeiros Passo no Leste de África | Richard Burton |
90º | ![]() | A Queda | Albert Camus |